Quantos dias de atestado quando a mãe morreu?

A perda de um ente querido, especialmente uma mãe, é um momento extremamente delicado e emocional em nossas vidas. Em meio à dor e ao luto, surgem questões práticas que podem nos causar ainda mais estresse. Entre essas questões, talvez a mais importante seja: "Quantos dias de atestado consigo tirar em caso de falecimento da minha mãe?" Neste artigo, vamos abordar os aspectos legais e emocionais relacionados à licença por luto, bem como as práticas do mercado de trabalho brasileiro, buscando responder a essa e outras dúvidas que muitos de nós enfrentamos.

O que diz a lei?

Quando falamos sobre atestados e licenças por falecimento, precisamos primeiro olhar para o que a legislação brasileira determina. A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) prevê, em seu artigo 473, que o trabalhador pode se ausentar do serviço, sem prejuízo do salário, em diversos casos, incluindo o falecimento de um familiar.

O artigo 473 da CLT

De acordo com o artigo 473 da CLT, o trabalhador tem o direito a três dias consecutivos de licença remunerada em caso de falecimento de "pai, mãe, filho, irmão, avô ou avó". Portanto, quando perdemos uma mãe, podemos contar com esses três dias de atestado.

É importante evidenciar que, embora a legislação prometa esses três dias, não são todas as empresas que têm clareza sobre a necessidade de fornecer o atestado sem questões. Isso nos leva a um ponto muito relevante: a comunicação com o empregador.

A importância da comunicação

Quando enfrentamos a situação trágica da perda de uma mãe, a comunicação com nosso empregador é crucial. Informar o chefe ou a área de Recursos Humanos o mais rápido possível facilita o trâmite para obter os dias de atestado. Durante esses momentos, é natural que a carga emocional nos afete, mas a transparência e a clareza são fundamentais para garantirmos nossos direitos.

Como comunicar a empresa?

Ao comunicar a empresa sobre a necessidade de um atestado, é recomendável:

1. Escolher o meio adequado: Se a empresa permite a comunicação por mensagens instantâneas, como WhatsApp, essa pode ser uma opção. Contudo, o e-mail ou uma conversa face a face pode transmitir mais seriedade e urgência à situação.

2. Ser claro e direto: Ao informar, devemos ser sinceros sobre o ocorrido e comunicar o tempo que precisamos. Uma simples mensagem dizendo que, infelizmente, nossa mãe faleceu e que precisamos dos três dias de licença nos ajudará a não deixar dúvidas.

3. Fornecer documentação, se necessário: Algumas empresas podem solicitar um atestado médico ou certidão de óbito, então estar preparado para apresentar esses documentos pode ajudar a suavizar o processo.

Outras considerações importantes

Embora os três dias sejam garantidos por lei, é válido lembrar que cada empresa tem suas próprias políticas. Algumas podem optar por ampliar esse período em situações excepcionais. Portanto, quando nos deparamos com uma situação tão difícil como a morte de uma mãe, também podemos considerar a possibilidade de solicitar um período adicional de licença, caso necessário.

Licença não remunerada

Além dos três dias de atestado remunerado, pode existir a opção de solicitar uma licença não remunerada. Essa é uma alternativa válida para aqueles que sentem que precisam de mais tempo para lidar com a dor e o luto. Tal opção deve ser formalizada junto ao departamento de Recursos Humanos da empresa, e é sempre bom estar ciente de que essa licença pode afetar nossos direitos trabalhistas, como férias e 13º salário.

Como o luto impacta a vida profissional?

É inegável que o luto provoca uma série de desdobramentos em nossa vida, incluindo no ambiente de trabalho. Após a morte de uma mãe, podemos enfrentar dificuldades emocionais significativas que impactam nosso desempenho e produtividade.

Afetando a produtividade

Num momento delicado, como a perda de um familiar, é comum que a concentração e a motivação para trabalhar passem a ser desafiadoras. O desânimo, a tristeza e, até mesmo a sensação de perda de propósito podem pesar na rotina profissional. Além disso, a pessoa pode não se sentir pronta para voltar ao trabalho imediatamente após os três dias de atestado.

Buscando apoio emocional

É essencial reconhecermos a importância do apoio emocional durante o luto. Conversar com amigos, familiares, ou mesmo buscar um profissional especializado pode ser crucial para lidar com essa fase de nossas vidas. Muitas empresas atualmente têm disponibilizado serviços de apoio psicológico e programas de saúde mental que podem ajudar os colaboradores a atravessar períodos difíceis.

Benefícios de buscar ajuda

Buscar ajuda emocional pode proporcionar benefícios, como:

1. Melhora na capacidade de lidar com a dor: Profissionais de saúde mental podem oferecer ferramentas e técnicas para lidar com a dor do luto de maneira mais saudável.

2. Sustentação prática: Grupos de apoio podem conectar pessoas que vivenciam experiências semelhantes, proporcionando um espaço seguro para compartilhar sentimentos.

3. Retorno gradual ao trabalho: Com o suporte adequado, aumentam as chances de um retorno ao ambiente de trabalho de maneira mais tranquila.

Conclusão

Enfrentar a morte de uma mãe é um dos momentos mais difíceis que podemos passar na vida. Além da dor emocional, lidar com questões práticas como os dias de atestado pode ser desafiador. Sabemos que, de acordo com a CLT, temos direito a três dias de licença remunerada, mas a comunicação clara com nosso empregador e a possibilidade de buscar apoio psicológico podem ser fundamentais para navegarmos por este momento.

Assim, quando um ente querido se vai, cuidemos não apenas dos aspectos legais, mas também de nosso bem-estar emocional. O luto é uma jornada pessoal, e cada um de nós tem seu próprio tempo e maneira de caminhá-la.

FAQ

O que fazer se a empresa não conceder os três dias de atestado?

É importante primeiro relembrar seus direitos previstos na CLT. Um diálogo aberto com o RH ou o superior direto é essencial. Se a situação não for resolvida, você pode buscar orientação com o sindicato da sua categoria.

É possível tirar mais de três dias de atestado?

Sim, você pode solicitar uma licença não remunerada se sentir que precisa de mais tempo para se recuperar emocional e mentalmente.

Estou em dúvida sobre como comunicar a empresa. O que fazer?

Recomendamos que se comunique o mais rápido possível, usando um meio formal, como um e-mail, sempre explicando brevemente a situação.

Como lidar com o trabalho após a perda?

Busque apoio emocional e um espaço seguro para falar sobre seus sentimentos. Conversar com o chefe sobre suas dificuldades também pode ajudar a encontrar um caminho mais ameno para a volta ao trabalho.

Referências

1. Brasil. Consolidação das Leis do Trabalho. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del5452compilado.htm
2. Manual do Luto: Como lidar com a perda de um ente querido. São Paulo: Editora PsicoSaúde, 2020.
3. Carvalho, A. F. A Importância do Suporte Psicológico no Luto. Jornal da Psicologia, 2021.